sábado, 10 de setembro de 2011

Me dê asas, que eu quero fugir...

Na espera de chegar a algum lugar, perco o sono.
Acordo no meio da noite e abro a janela do quarto que dá para a rua.

Não vejo nada além do breu, até que minha vista se acostume com a nova realidade.

Sempre ouvi que é perigoso abrir a janela à noite.
Nunca se sabe quem ronda a casa.
Mas se não fizer isso, é como se me mantivesse em uma jaula.
Olhar o céu, com ou sem estrelas, não importa, é o que eu preciso para conseguir me acalmar e encontrar uma rota.
As manhãs não trazem nada de novo.
Ou muito novo.
Um acontecimento ou outro, mas no fundo tudo igual.
Um dia sem sossego.
As horas passam, pessoas passam, problemas passam.
E na hora que eu deveria esquecer, a ansiedade toma conta da minha paz.
Eu quero dormir, eu quero estar renovada para o próximo dia igual.
Mas não há como.
Tudo que descobri em mim conflita com a realidade que eu vivo.
As vontades que tentei controlar, saíram do trilho.
Os medos, que não me amedrontavam, me apavoram.
O que parecia não ter relevância se torna essencial.
Acordo sentindo o que nunca tive.
Acordo pensando em como seria se fosse do jeito que não sai da minha cabeça.
Avalio condutas e me pego presa a auto-críticas e pré-conceitos.
Isso está errado.
Não tem como.
Mas será?
Qual o motivo de ter acontecido ou estar tomando esse caminho?
É preciso uma definição, uma luz no fim de tudo, um rumo certo.
Ninguém anda assim, entregue.
Entregue.
À deriva.
Estou assim…
Entregue a pensamentos que não são meus.
Entregue aos desejos que não me pertencem.
Boiando sozinha nesse mar de dúvidas.
Quem sabe, até, ocupando um corpo que já não me pertence.
Minha preocupação é: quantas pessoas se afogarão comigo?
Alguém virá me salvar?
Ou serei eu, mais uma vez, o resgate de todos?
Eu não queria levar ninguém ao fundo com minhas escolhas.
Eu não queria afogar com as minhas escolhas.
Eu não quero salvar ninguém.
Tudo entrelaçado, feito nós de marinheiro.
Uma vida que se liga a outras e a outras e a outras.
A teoria da borboleta.
Um efeito catastrófico no mundo.
Seria eu a borboleta perdida que, inocentemente, bate as asas na tentativa de voar?
Por que precisamos ficar imóveis para sermos confortáveis?
Por que precisamos ser invisíveis para não carregar conosco a culpa por algum estrago?
Por favor.
Pára o mundo…
Quem sabem assim, eu não tenha a oportunidade de alçar o meu voo sem que ninguém perceba a minha partida.
Sem inconsequencias…
Eu não quero carregar, nas minhas asas, a culpa por ser livre.
Eu mereço paz.
Dias e noites de paz…

Pandora

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