quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Medo!!!

Desde que te conheci eu me sinto assim.
Uma criança parada diante do mar tentando reverter a direção das ondas, tentando convencê-las de não bater, mas de acariciar a praia, tentando convencê-las a agir mais silenciosamente, mais organizadas.
Tentando mostrá-las que o mar não é como um rio, que elas poderiam até escolher não estourar na praia, que poderiam ter o curso que quisessem.
Desde que te conheci estou eu diante do mar tentando convencê-lo de que outros humores são possíveis.
E nesse tempo o que tem mudado é a fé da criança e o humor do oceano.
Agora tu te iras é contra mim e eu temo por meu próprio afogamento.
O que mais me ofendes é que se eu for, tu me deixarás ir como quem perde uma coisa qualquer, uma moeda de dez centavos que cai do seu bolso e que você julga não valer o esforço pra baixar e retomá-la pra você, mesmo tendo consciência de que ela fará toda diferença no troco de uma passagem, num pedágio qualquer.
Sinto-me supérfluo, teu respeito às minhas decisões me agride, teu me deixar ir me fere, tua permissividade me ofende.
Uma vez ouvi que quem ama não permite todas as coisas, que aliás onde tudo é permitido é que não há amor.
Amor, o que há de mais egoísta que o amor?
E agora?
O que somos nós?
Se definir o que somos é tarefa árdua, definir o que fomos até aqui me soa tão impossível quanto.
Agora te vais fugindo de mim, fingindo pra mim que o detalhe não é nada, que o que é pequeno pesa mais do que o que é maior, vais pra essa terra que fica lá longe, e por mais que teu vôo te leve continentes a frente bem rápido, sinto teu afastamento gradativo, lento, langoroso, feito aquele sangue que escorre sem vontade e chega a fazer cócegas na pele enquanto abandona o lugar onde deveria estar.

Não que eu tenha a pretensão de dizer que é nos meus braços o seu lugar.
Seu lugar é onde seu peito se aconchegar.
O que tenho é medo de que não seja em mim, comigo.
Que medo das respostas que eu já sei de perguntas que eu jamais farei...
Diante desse cenário, e agora?
Salvo a mim? Salvo a nós?
Há alguma salvação? Ou tudo termina igual, como sempre termina, de novo?
Que medo!

Pandora

Nenhum comentário:

Postar um comentário